sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

TRADIÇÃO E CIÊNCIA: O ODÍO PELO PAGANISMO



Trabalho feito para disciplina Introdução á Educação baseado no filme Alexandria

“A raiva estupidifica homens inteligentes, mas os conserva inferiores”
 Elizabeth I

Qualquer dor ou aflição, ou sensação que ela produz; problemas, vexames, tristeza. A sensação ativa provocada contra o agente, paixão, fúria, cólera, ira. Estado inflamatório de qualquer parte do corpo, dor física, esses aspectos que estão relacionados são encontrados nos movimento dos personagens do filme Alexandria, o filme relata a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 A.D.
Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana. Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos e culturais, o cristianismo, que passou de religião intolerada para religião intolerante, convive com o judaísmo e a cultura greco-romana.
O poder político era representado pelos romanos, que se opunha ao poder político emergente do Cristianismo, pois ele acreditava em deuses e os Cristãos acreditavam e um único deus que seria Jesus cristo. Para Bourdieu e Passeron (1970) a classe dominante seria aquela que dominava economicamente, não só economicamente, como também impõem sua cultura como sendo superior aos dominados que seria a minoria, devido essa imposição de ideais religiosos, surgem os conflitos, entre Pagãos e Cristãos, pois os Cristãos não aceitavam que houvesse outra forma de pensar diferente, e que houvesse mais de um Deus, que para eles era criador de todas as coisas, ou seja, a religião cristã usava a educação e as instituições educacionais para transmitir suas idéias, seus valores e seus costumes, usando em prol dos seus interesses políticos a violência simbólica.
Segundo Bourdieu e Passeron (1970), o poder de violência simbólica impõe significação como legítimas dissimulando as relações de força, essa ação impõem a cultura dominante reproduzindo as relações de poder de um determinado grupo social. Os diferentes grupos religiosos, por exemplo, consideram a educação como importante meio de reprodução de suas idéias, ocorrendo, o aumento do grau de institucionalização, uma maior preocupação na transmissão de seus valores e costumes de forma organizada e formal. (Dias, 2010, pg. 274)
Através desse conflito começa o início da violenta oposição entre a Igreja e o Estado, pelo fato da educação ser representada por uma mulher, que se colocava em uma posição neutra, pois ela acreditava na ciência como uma forma de explicação para a criação do mundo, esta detinha o conhecimento iniciático e científico, e que, além disso, ensinava com brio, no filme Hipátia tornou-se o ponto focal do ódio dos cristãos, podemos ver na frase retirada do filme
"Durante a instrução, a mulher deve manter o silêncio, em completa submissão. Eu não permito à mulher ensinar, nem mandar no homem. Que ela fique em silêncio." (Bíblia, 1 Timóteo 2, 9‐12).
Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos e pagãos, os cristãos se apoderam, aos poucos da situação, no decorrer do filme podemos perceber que o líder cristão dominava a cidade e encontra na ligação entre Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e bruxaria.
O filme consegue captar a mais violenta intolerância e opressão que é assustadora, a forma como ele denuncia o desprezo do Cristianismo pela condição feminina e por outras religiões, fazendo apologia a intolerância religiosa, como o paganismo, forçando-os os pagãos a se converterem ao cristianismo. A tensão entre cristãos e pagãos cresceu causando lutas e mortes, os cristãos passaram a dominar o território, e os pagãos ou foram mortos ou obrigatoriamente se converteram ao cristianismo.
Podemos notar que a forma de atuação do cristianismo em nada mudou na atualidade, atualmente vemos um cristianismo diferenciado, hoje um ateu ou um bruxo da religião Wicca, que seria uma religião reformulada na tradição neopagã, tendo seguidores na atualidade, essa é uma religião pagã herdeira das tradições e crenças das comunidades européias anteriores ao cristianismo, a wicca professa a crença em um par divino, chamados a Deusa e o Deus, encarnando princípios da natureza, esse par torna-se doador de vida (Grimassi, 2000).
 Essas pessoas que fazem parte dessa nova religião, na atualidade não são apedrejadas como ocorreu com Hipátia, mais todos sabem que não há aceitação dentro da nossa sociedade cristã, sabemos que o cristianismo para chegar até aqui, passou por caminhos terríveis como, morte, desrespeito, humilhação, intolerância religiosa e social em um período que se estendeu por mais de mil anos de morte em nome de Cristo, desde antes de Hipátia até as cruzadas, tudo isso foi um misto de cristianismo e teorias radicais de igualdade social onde muitos morreram, tendo mais mortes que o holocausto.
No decorrer do filme, podemos perceber que a grande preocupação dos pagãos seria a proteção da biblioteca de Alexandria, ou seja, os livros que foram escritos por vários filósofos daquela época, esses seriam escritos e descoberta cientifica que desmitificava algumas teorias feitas pelo homem ao longo dos séculos.
 Depois que o imperador Teodósio baixou decreto proibindo as religiões pagãs, o bispo de Alexandria Teófilo (385-412 d.C.) determinou a eliminação das seções que haviam sido poupadas por incêndios anteriores, pois as considerava um incentivo ao paganismo.
Logo após da destruição da biblioteca de Alexandria, somente cerimônias cristãs e judaica foram permitidas, os cultos pagãos e cultuar símbolos e imagens de deuses, como também visitas aos templos foram proibidas, e aqueles que desobedecessem ou se quer olhassem alguma estatua referente a religião pagã, esses seriam punidos sem piedade.
Devido a tomada da biblioteca, muitos pagãos se converteram ao cristianismo, Alexandria desfrutou de um período de paz, o império foi dividido em dois cristãos e judeus, muitos cristãos viram essa divisão como final do mundo e decidiram se preparar, tendo uma vida mais “Santa”, os idéias Cristãos tomaram conta de Alexandria.
Alexandria anos depois se viu banhada em sangue, e o ódio voltou a reina, agora entre Cristãos e Judeus, os Cristãos eliminaram os judeus com as acusações, baseadas na escrituras sagradas, onde os judeus mataram cristo e por isso deveriam morrer, os Cristãos alimentavam a teoria de que os judeus eram amaldiçoados por terem matado seu Deus, alienado o resto do povo que seguiam seus ideais Cristãos cegamente.

Referencias

ALEXANDRIA: A coragem de uma mulher mudará o mundo para sempre, filme consultado para a construção do texto.

BOURDIEU, Pierre. PASSERON, C. Jean. A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. 3 ed. Les Editions de Minuit, França, 1970.

DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia, 2  ed. São Paulo,2010.

GRIMASSI, Raven. Os mistérios wiccanos: antigas origens e ensinamentos. São Paulo: Gaia, 2000

WALTON, Stuart. Uma historia das emoções. Tradução de Ryta Vinagre, Record, pg. 63 à 101.

Nenhum comentário:

Postar um comentário